O Algarve continua a ser um dos destinos de férias mais emblemáticos da Europa e o seu mercado de alojamentos turísticos segue em constante evolução, acompanhando as mudanças no comportamento dos viajantes, na pressão sobre os preços e na dinâmica regional. Este relatório revela um panorama marcado por fortes padrões sazonais, alterações nos hábitos de reserva e uma crescente concorrência entre os anfitriões.
Esta análise atualizada integra os dados mais relevantes do relatório para ajudar os gestores imobiliários a melhorar a sua estratégia e a preparar-se para o que 2026 trará.
A procura está estável, mas o comportamento do viajante está a mudar
O Algarve continua a atrair uma procura constante, mas a forma como os hóspedes planeiam e reservam as suas estadias está claramente a evoluir.
O prazo de reserva mostra que os viajantes fazem as suas reservas com cerca de seis semanas de antecedência, em média, uma descida considerável em relação ao ano anterior, mas que ainda assim indicia um planeamento estruturado e antecipado. O Booking.com continua a ser o canal dominante na região, representando mais de metade de todas as reservas.

Este padrão está em linha com o ritmo de ocupação, que revela fortes ondas de reservas no início da estação, antes de períodos de pico como o Ano Novo e o solstício de verão. Mesmo durante as semanas mais tranquilas do Inverno, a procura começa a crescer muito antes da chegada dos viajantes – um sinal de que as decisões de preços tomadas com antecedência podem influenciar significativamente a ocupação.

A taxa de ocupação mantém-se estável, com fortes diferenças regionais
Uma das características que definem o Algarve é a sua diversidade entre os diferentes submercados. Embora a região, no geral, apresente uma taxa de ocupação atualizada de 60%, ligeiramente inferior à do ano passado, o mapa de ocupação de verão abaixo oferece um panorama mais detalhado.

Destinos como Lagos, Albufeira, Portimão, Carvoeiro e Vilamoura lideram as tabelas da época alta, atingindo consistentemente taxas de ocupação bem acima dos 60%. Entretanto, zonas como Monchique e Faro apresentam níveis mais moderados, reforçando a segmentação interna do Algarve: pontos turísticos costeiros versus locais mais tranquilos no interior ou pontos de passagem.
A sazonalidade também se mantém acentuada. A curva de ocupação anual abaixo destaca a forma como 2025 segue o ritmo familiar do Algarve — taxas modestas no inverno, aumentos constantes durante a primavera e um claro aumento em julho e agosto, onde a ocupação atinge o pico na faixa dos 60% a 70%.

Para os anfitriões, este ritmo sublinha a importância de planear as estratégias de calendário com antecedência, especialmente nos meses de primavera, quando a procura aumenta rapidamente.
ADR enfrenta pressão apesar da forte procura de verão
Uma das conclusões mais importantes do relatório algarvio é a descida das tarifas médias diárias, mesmo com a taxa de ocupação a manter-se estável.
De acordo com o gráfico abaixo, os preços são 8% mais baixos em relação a 2024, com reduções visíveis em quase todos os meses:
- Janeiro: €107 vs €133
- Março: €121 vs €132
- Julho: €144 vs €182
- Agosto: €148 vs €189
- Outubro: €125 vs €167

O padrão mostra que, embora o Algarve continue a ter quartos disponíveis, os viajantes estão mais sensíveis aos preços e mais estratégicos nas suas despesas. A elevada procura já não garante automaticamente preços elevados – e a otimização de preços torna-se essencial.
Isto também está em linha com tendências mais amplas em toda a Europa: os hóspedes esperam agora maior qualidade e transparência, especialmente em destinos de época alta, onde a concorrência entre propriedades semelhantes é feroz.
Duração da estadia dos hóspedes: viagens mais longas definem o Algarve
Se Lisboa se destaca em escapadelas curtas, o Algarve brilha em estadias de lazer mais longas.
A duração da estadia conta uma história clara:

- A estadia média é de 7,8 dias.
- E na época alta, 60% das estadias duram mais de seis dias.
Isto reforça a identidade do Algarve como um destino para relaxar e desligar, onde os hóspedes passam semanas inteiras, e por vezes várias semanas, a desfrutar da costa. Esta tendência oferece aos anfitriões ferramentas poderosas:
- Maior receita por ano (RevPAN) através dos preços semanais,
- Maior ocupação durante os períodos de transição, com estadias mínimas mais flexíveis,
- Estratégia otimizada para a época alta através de estadias mínimas mais prolongadas.
Compreender estes padrões de estadia é crucial para maximizar a receita sem comprometer a experiência do hóspede.

Preparar-se para 2025: a estratégia importa mais do que nunca
As recomendações do relatório fornecem uma estrutura estratégica que está perfeitamente alinhada com os dados:

- Adapte as estadias mínimas de forma inteligente: a flexibilidade aumenta a ocupação sem reduzir a receita total.
- Analise a procura em profundidade: as expectativas dos viajantes estão a aumentar, principalmente em relação à qualidade.
- Utilize os preços de forma dinâmica: com uma ocupação estável, mas tarifas médias mais baixas, o momento certo e a capacidade de resposta definem o desempenho.
O Algarve continua a ser um destino resiliente e altamente desejável, mas 2025 irá recompensar os operadores que aliem o conhecimento do mercado à agilidade estratégica.
Conclusão: O Algarve está em evolução e as oportunidades acompanham os dados
O relatório apresenta uma narrativa clara:
- A ocupação está estável,
- os preços estão sob pressão,
- os hóspedes estão a ficar mais tempo,
- e os hábitos de reserva estão a mudar.
Num mercado de lazer competitivo, onde as expectativas dos viajantes aumentam a cada estação, os anfitriões que antecipam a procura, ajustam os preços com antecedência e oferecem experiências excecionais obterão os melhores resultados.























